quinta-feira, 31 de julho de 2008

Na alma.

Começou com um abraço.
Sem muita emoção, um pouco torto até, um pouco de qualquer jeito.
Eu imaginava uma coisa maior, mais forte e emotiva. Mas não foi assim.
As piadas e gestos até um destino incerto eram quase as mesmas de alguns anos atrás.
As birras e teimosias também.

Mas quando o relato das vidas começou, não reconheci por uns instantes aquele rosto, aquele que ao meu lado estava, evitando o olhar nos olhos que eu insistia em manter.
Talvez o meu relatar também foi algo que causou estranhamento, e até uns gestos de reprovação.
Uma compreensão mutua de que as coisas mudam muito num espaço de tempo.
Mais um abraço então, mas algo esquisito querendo recuar. Querendo fugir de algum sentimento que poderia acordar. Eu não me contive e deixei com que aflorasse.

A noite acabou. E aquele gosto amargo do fim do chocolate tomou conta de mim, de forma tal que não queria entrar em casa. Queria passar muito tempo parada ali. Queria que o tempo parasse aquela hora e que tudo o que não foi dito, fosse então.

Ficou a sensação de vazio, de desconhecimento do ser. Aquele não era o mesmo, algumas atitudes acentuaram bem isso. Algumas delas diziam: "Veja, eu mudei muito". E outras deixavam claras "Mudei, mas continuo o mesmo cabeça dura de sempre".

Me refugiei como sempre nas palavras. No caderno velho e com caneta usada. E escrevi tanto que parecia não ter fim.
Na verdade, não era para ter fim aquelas frases. Mas tive que colocar o ponto final.
E elas continuam guardadas para um dia quem sabem, sair do armário.

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