domingo, 13 de novembro de 2011

404

E você descobre que saudade é algo tão forte, mas tão forte que não pode ser traduzido em nenhuma língua.

Só quem está longe de quem ama consegue definir o que é sentir saudade.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Fragmento

- É aquele impulso de sair para qualquer lugar afim de preencher algum canto vazio da cabeça e/ou do coração. É como se captar um grande número de informações fizesse ficar menor a saudade e a falta. Mas não é. Nunca é. Só serve para enganar, por pouco tempo, a dor que se sente.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Uso indevido da imagem e do som.

Daí você se apaixona e ah... Ele é demais!
Aquele dia na volta da praia, enquanto vocês riam dos acontecidos do fim de semana, ele com a mão na sua perna, você com a mão nos cabelos dele, te lembrou aquela cena daquele filme sensacional que você sabia que um dia ia virar real na sua vida e você, ao chegar em casa, já foi procurar no youtube e postar no facebook com uma legenda misteriosa para você e óbvia para todos os seus amigos que já estranhavam seu bom humor nos últimos tempos.
E rolou também aquele domingo a tarde, que vocês resolveram dar uma volta pela cidade e quando entraram na Fnac estava tocando aquele álbum ótimo daquela banda perfeita e vocês começaram a balbuciar a letra, viraram um para o outro e disseram "Essa música é foda". Sem pretensão, da parte dele. Ele realmente achava a música boa. Lembrava daquele churrasco com o pessoal da faculdade quando todos estavam bêbados e o amigo metido a cantor puxou o refrão e geral começou a cantar alto, tropeçando na letra; Já você, na sua utopia, imaginava essa música como tema da sua história de amor eterno e tratou de usar um trecho como nick do msn.

Mas daí, acabou.
E você percebe que dedicou um puta filme para um puta babaca que nem entendia muito de cinema e nunca poderia valorizar uma obra prima como aquela e toda vez que você ouvir aquela maldita música vai lembrar do infeliz e vai odiar a música, a banda e todo mundo que postar alguma notícia relacionada a ela.

Injusto, para não dizer trágico.
Deveríamos preservar o direito autoral dessas obras e não sair relacionando a qualquer imbecil que beija bem e é engraçadinho.

Marchemos contra o uso indevido de imagens e sons em histórias rasas e ocas.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Como seria?

Não estou na melhor fase da minha vida nesses últimos meses e semana passada tive dias de cão.
Na quinta-feira, após uma série de fatos que acentuaram isso, pensei no meu pai e tive vontade de chorar.
Eu não converso com muita gente que já perdeu pai ou mãe, mas tenho a leve impressão que uma coisa sempre passa na cabeça dos órfãos: Como seria se ele/ela estivesse aqui?
Quinta foi assim. Na verdade eu sempre penso que se ele estivesse aqui, as coisas não seriam como são. Minha vida seria muito diferente.
Dois motivos que me apertam muito a falta dele: minhas vitórias e minhas dificuldades.
Parecia que com ele nada era ruim, tudo se resolvia, para tudo ele dava um jeito e sempre ficava tudo bem.
E eu tenho a implicita mania de fazer as coisas para que sintam orgulho de mim. Não todas, mas a maioria delas. E na hora de contar uma super boa novidade ou agradecer à algo que conquistei, me falta ele lá para me ouvir.
Eu tenho minha mãe, minha irmã, amigos e tal para estar apoiando sempre, mas ainda falta aquela peça, sabe?

Quando penso que ele não está mais aqui, me dá muita vontade de fazer uma mudança muito brusca na minha vida, dar um giro de 180º.
Daí, penso na minha mãe e hoje eu vejo que, por mais que ela reclame da minha ausência, eu sou a companheirona dela; assistimos tv juntas, almoçamos, jantamos e discutimos assuntos atuais como se fossemos colegas de quarto, mas com amor maternal.
É foda.

Hoje voltei para o meu antigo emprego. Não sei se estou feliz ou só estou agradecida por terem lembrado de mim quando precisaram.
É estranho começar algo que não reserva surpresas, que nada é novo e tudo é previsível. A vida perde a graça nesses momentos.

Paralelo a isso, estou lendo o livro da @poalli, o Vacaciones.
Comecei ontem e to curtindo. Cogitei continuar lendo-o madrugada a dentro e vir virada para o trabalho, mas preferi guardar um tanto de divertimento para os dias que seguem.
Ele tá me ajudando a sair do foco. Tá sendo uma fonte de entretenimento e me ajuda a não pensar muito na situação atual. Esse é um jeito mais sutil de assumir que eu fujo de algumas coisas com preguiça de enfrentá-las.

Enquanto nada muda, vou jogando com o que tenho hoje.

sábado, 6 de agosto de 2011

O problema não é a traição.

O problema é o que vem com ela.

É muito bacana se desprender desse mero detalhe. Tudo bem. As pessoas traem, as pessoas são traídas.
Até aí, ok.
Mas no que eu penso é o que está por trás da traição.
Quando você trai, automaticamente você mente.
Independente do tipo de traição.
E mentira é complicado. Ela despontencializa a confiança.
E não se mente só para o outro, mas para si mesmo.
Como se aquela traição fosse ajudar em alguma coisa.
Pode até que ser que mude. Para quem trai.
Mas deve ser ruim conviver com a mentira, não?

A traição é totalmente ligada ao egoísmo.
Pense: Você trai para satisfazer vontades, desejos.
Suas vontades. Seu desejos.
E o outro?
O outro, não importa.

Não critico quem trai, muito menos quem perdoa.
Só não sei se eu conseguiria conviver com isso.
Porque a partir dalí, é muito difícil você acreditar no que a pessoa diz.
Logo, tem que perdoar de verdade. E perdoar é um dom que eu acho que não tenho.

Admiro quem se diz desprendido do monopolismo.
Mas não me acho evoluída suficiente para encarar tal modernidade.
Porque a traição nunca vem sozinha.
Ela traz consigo uma série de consequências ruins para o relacionamento.

Por isso eu acho que relacionar-se com alguém é muito complicado. Requer uma série de coisas que passam desapercebidas.
Para se manter um relacionamento, o querer deve ser algo muito forte, porque ele exige renúncia.
Assumir um compromisso não é como fazer promessa com os dedinhos cruzados.

Mas isso agora é arcaico.

Geral quer ser hype.
Respeito e honra ficaram no século passado.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Meredith Grey

“Eu não tenho idéia porque a gente fica adiando as coisas,
mas se eu tivesse que chutar, diria que tem muito a ver com o medo.
Medo do fracasso. Medo da dor. Medo da rejeição. Seja lá do que a gente
tenha medo, uma coisa é sempre verdade: com o tempo, a dor de não ter
tomado uma atitude fica pior do que o medo de agir”







Especial para Natália Corso.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Sobre a solidão.

Qual seria a melhor representação para solidão?
Ruas vazias, cidades vazias, uma casa vazia?
Pessoas vazias.
Solidão é aquilo que, às vezes, habita dentro da gente.

Solidão é aquilo que se sente quando você chega em casa, acende um cigarro e não tem em quem pensar.
Solidão é não pensar.
Você pode estar longe dos amigos, da família, de casa, mas você olhar para dentro e não se sentir habitada por ninguém é mais solitário do que não ter ninguém ao lado.
Solidão é aquilo que você sente depois de beijar um desconhecido e não sentir nada.

Solidão não é o senhor de boina passeando às 7h da manhã com o jornal na mão; não é o jovem sozinho saindo da padaria da esquina nem tampouco a garota que lancha sozinha no intervalo.
Solidão não é o que se vê, mas o que se sente.


Solidão é o aquilo que aparece sempre que desistimos de nos preencher com algo bom.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Dois tempos.

"Enquanto arrumo meu quarto, paro um instante para pensar no que você está fazendo.
Queria saber se nossos ritmos batem, se temos gostos parecidos e se poderíamos compartilhar risadas que tiram o fôlego.
Quando me deito no sofá da sala, fico zapeando os canais e me pergunto em qual deles você pediria para eu deixar. Várias vezes me pego vendo o campeonato europeu de futebol.
Na cozinha, invento alguma bobagem para beliscar e vou para a sala imaginando você com cervejas e controle na mão esperando eu chegar para dar o play.
Quando escovo meus dentes, questiono se você aperta o tubo de pasta no meio ou no final e imagino a minha irritação por você deixar o tubo destampado.

Tenho pensado em muitas coisas ultimamente, pensado muito em você. E eu nem sei onde você está."

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sim.

Positivamente começo um texto.
Dizem que o universo conspira para que as coisas que desejamos, quando pensado positivamente, deem certo.
E quem não quer que dê certo?
Então começo a dizer sim pra tudo que é bom!

Podia lamentar a falta de trabalho que desencadeia a falta de dinheiro, que me faz ficar em casa sem ver meus amigos e me afasta de pessoas interessantes.
Podia, mas não vou.
Também poderia lamentar a carência afetiva, que as investidas não estão dando resultados e que cada vez que assisto uma comédia romântica me iludo ainda mais com alguém que apareça do nada na minha vida e me faça feliz para sempre.
Mas acho melhor evitar.
Prefiro pensar que este tempo está servindo para eu dar mais valor para o trabalho que terei, para que eu exercite a minha paciência e não seja explosiva. Para que eu abra de verdade meu coração, sem culpa nem orgulho quando acontecer de novo.
Esse tempo serve para eu esquecer raivas e mágoas, que eu evite julgamentos para não ser injusta tampouco julgada; para eu parar de querer que as coisas aconteçam do dia para a noite. E para aceitar, de uma vez por todas, que o que eu julgo importante pode não ser importante para os outros.
E compreenda que "os outros" também podem ser "os caras".

- Essa coisa de ter alguém mais especial que qualquer um, ficou nos meus 19 anos. Já sei que se pode ter na vida muitos seres especiais, em um mesmo grau de importância, mas de maneiras diferentes.


Voltando a respirar pausadamente.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A felicidade é brega.

Depois de um certo tempo você percebe que a breguice é um sinal de pessoas que estão ou são felizes.
Repare nas coisas que você considera brega.
Um exemplo bobo: Gente que dança funk em festas.
Às vezes a pessoa nem gosta de funk e você até percebe que aquilo não faz parte do seu cotidiano, uma vez que a desenvoltura da figura é péssima para tal atividade, mas a felicidade é tamanha que acaba aceitando a brincadeira e rebolando até o chão.

A felicidade é acompanhada pelo nonsense.

No amor então, ela chega a nos cegar. O amor é o reflexo da breguice plena. Vez ou outra você se vê tendo atitudes tão cafonas que chega até a sentir vergonha, mas no fim acaba valendo a pena ou valendo o riso.

A felicidade na profissão também é acompanhada pela breguice.
Quando a pessoa tem muito orgulho daquilo que faz, estampa de alguma forma o símbolo de sua escolha: Boneco da profissão na mesa, chaveiro, adesivo no carro, endereço de e-mail, foto do perfil em redes sociais, até tatuagem!

A felicidade é uma gargalhada interna.

Embora sejam motivo de riso, os cafonas felizes são exatamente o que todo mundo já foi ou que vai ser um dia.
A gente crítica, sente vergonha alheia, mas sabemos que já fomos assim um dia e até queremos voltar a ser.
Mas só por alguns instantes.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Charles Bukowski

"O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece."


A gente nunca conhece.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Para hoje.

Cinco, seis...
Não sei desde quando copos de café tornaram-se companheiros de noites em claro.
O café me traz uma sensação de realidade.
É como se, no meio de um sonho, jogassem um balde de água fria sobre a minha cabeça.
Coisa amarga que me desperta e me dá idéias.

Sete, oito...
As palavras dançam frente aos olhos e eu não consigo fazê-las parar.
Estas que me servem tanto como calmante, que me ajudam a desabafar e desapertar o nó que muitas vezes me sufoca; formam frases desconexas que ajudam a me sentir um pouco mais leve.

Nove, dez.
Eu sei que de nada adianta tantas xícaras, tantas cinzas e tantas letras, porque sei que o problema não está em me manter acordada, me manter na realidade, manter minhas mãos escrevendo sem parar.
O problema é o ar que me falta, é o peito que aperta, é a sensação de não conseguir tirar meus pés do chão quando tudo que eu precisava era fugir daqui.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Pelo bom uso do "Eu te amo".

Para entender, basta fazer o teste.

A intensidade, o momento, e a frequência como essa frase é dita pode provocar diferentes reações.
Percebe que "eu te amo" virou "bom dia"? Dizer isso virou obrigação, questão de costume.
Os casais desligam o telefone dizendo isso sempre, pq se não disser, alguma coisa tá estranha.
Eu digo isso todo dia pra minha mãe antes de dormir.
Enfim, as pessoas dizem por dizer, dizem por rotina e não por necessidade e vontade.
Você sempre olha nos olhos, enche a boca e estufa o peito antes de dizer isso?
Não. Raras vezes.

Não vejo problema nenhum nisso.
De verdade.
O problema é que chega uma hora que simplesmente não faz mais efeito.
As declarações viram tão comuns que quando devem causar um impacto, simplesmente não causam.

Pelo bom uso do EU TE AMO. Ame, antes de declarar o amor.

Amor, amor mesmo é aquele que quando acontece, transforma todo o passado e todo o futuro. Faz do presente um estado permanente de felicidade. Mesmo quando briga, mesmo quando se tem raiva, mesmo quando não se está junto.
Amor pra valer é aquele que não acaba nunca.
Às vezes não dá pra ter o seu amor ao lado, e mesmo assim você sabe que aquilo alí é amor. Afinal, amores serão sempre amáveis.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Da Ficção

Não. Não quero acreditar que a partir de um ponto da vida tudo será sério: desenvolver tudo com seriedade; tomar decisões sérias; ser séria.
Não vai dar.
Desculpe a decepção dos que acreditaram que isso iria me acontecer, mas eu não quero assim.
Pessoas que seguem as coisas à risca são tão cansativazzzZZZZZzZZzzzzzZZZZz

Eu não consigo entender como é que tem gente que não acredita em um final feliz. Meu Deus! Final feliz é a coisa mais linda que se possa ter na vida.
Eu acredito tanto em final feliz que já os criei para todos os homens fictícios da minha vida.
E são histórias secretas, até para evitar comentários do tipo: "Isso nunca vai acontecer", "esse cara não existe", "a vida é dura", "acorda!".

Oi? Eu me contorço no sofá quase mordendo o edredon quando o Ashton Kutcher beija Cameron Diaz no final de 'Jogo de Amor em Las Vegas', é claro que eu invento histórias. E me larga! Não adianta dizer que é só um filme porque isso eu sei, mas já me bastaram 4 anos de faculdade e 8/9 horas diárias vendo tudo de mentirinha atrás das câmeras para eu querer acreditar num filme fraco e popular.
Eu PRECISO ter minha ficção pessoal paralela a tudo que obrigatoriamente tenho que lidar com seriedade.
Preciso brigar com o amor da minha vida de mentirinha para fazermos as pazes meia hora depois quando ele traz chocolate quente e diz que eu fico linda com cara de brava.
PRECISO!
Eu preciso fugir da parede dura do meu quarto e da cama vazia que eu deito todos os dias.
ME DEIXA!
Me deixa imaginar o café da manhã na cama e os lírios em cima da mesa da sala de jantar com um bilhete bobo e bonito.
Me deixa brincar com meus problemas de mentira que são muito mais engraçados do que os de verdade que me ocupam tanto tempo e requer seriedade.

Eu só consigo enfrentar as coisas tendo minha vida paralela. E mesmo quando eu tiver alguém que compartilhe da minha loucura, ainda assim, vou criar minhas muitas histórias.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Fabrício Carpinejar

Um moderno e certeiro escritor que descobri há um bom tempo.
Hoje abro espaço para um texto seu cujo assunto sempre está nas rodas de conversas femininas.
De pé, aplaudo.
Boa leitura!

O AMOR NO COLO

A dor não pede compreensão, pede respeito. Não abandonar a cadeira, ficar sentado na posição em que ela é mais aguda.

Vejo homens que não têm coragem de terminar o relacionamento. Que não esclarecem que acabou. Que deixam que os outros entendam o que desejam entender. Que preferem fugir do barraco e do abraço esmurrado. Saem de mansinho, explicando que é melhor assim: não falar nada, não explicar, acontece com todo mundo.

Encostam a porta de sua casa (não trancam) e partem para outra vida.

Não é melhor assim. Não tem como abafar os ruídos do choro. O corpo não é um travesseiro. Seca com os soluços.

Não é melhor assim. Haverá gritos, disputa, danos. É como beber um remédio, sem empurrar a colher para longe ou moldar cara feia. É engolir o gosto ruim da boca, agüentar o desgosto da falta do beijo.

Será idiota recitar Vinicius de Moraes: "que seja infinito enquanto dure". A despedida não é lugar para poesia.

Haverá uma estranha compaixão pelo passado, a língua recolhendo as lágrimas, o rosto pelo avesso. Haverá sua mulher batendo em seu peito, perguntando: "Por que fez isso comigo?"

Haverá a indignação como última esperança.

Haverá a hesitação entre consolar e brigar, entre devolver o corte e amparar.

Vejo homens que somente encontram força para seduzir uma mulher, não para se distanciar dela.

Para iniciar uma história, não têm medo, não têm receio de falar.

Para encerrar, são evasivos, oblíquos, falsos. Mandam mensageiros.

Não recolhem seus pertences na hora. Voltarão um novo dia para buscar suas coisas.

Não toleram resolver o desespero e datar as lembranças. Guardam a risada histérica para o domingo longe dali.

Mas estar ali é o que o homem precisa. Não virar as costas. Fechar uma história é manter a dignidade de um rosto levantado, ouvindo o que não se quer escutar. Espantado com o que se tornou para aquela mulher que amava. Porque aquilo que ela diz também é verdade. Mesmo que seja desonesto.

Desgraçadamente, há mais desertores do que homens no mundo.

Deveriam olhar fora de si. Observar, por exemplo, a dor de uma mãe que perde seu filho no parto.

O médico colocará o filho morto no colo materno. É cruel e - ao mesmo tempo - necessário. Para que compreenda que ele morreu. Para que ela o veja e desista de procurá-lo. Para que ela perceba que os nove meses não foram invenção, que a gestação não foi loucura. Que o pequeno realmente existiu, que as contrações realmente existiram, que ela tentou trazê-lo à tona. Que possa se afastar da promessa de uma vida, imaginar seu cheiro e batizar seu rosto por um instante.

Descobrir a insuportável e delicada memória que teve um fim, não um final feliz. Ainda que a dor arrebente, ainda é melhor assim.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Do ponto de vista.

Das coisas que já experimentei na vida, o que julgo mais difícil é lidar com nossos sentimentos.
São muitas coisas que tem os mesmos sintomas, mas são completamente diferentes e nos deixam loucos.
Por exemplo, confundir carinho com amor, ódio com raiva, saudade com carência.

Pior que isso são pessoas que querem ditar as regras para lidar com seus sentimentos. Mal sabem elas que estou cagando regras desde que me conheço por gente!
O interessante é que normalmente essas pessoas são as que mais sofrem por coisas tão simples e corriqueiras... Acho que é por se guardar tanto que acabam desabando por nada.

Pois digo e com precisão: Ninguém consegue controlar saudavelmente seus próprios sentimentos.
É impossível. Inviável. Torturante.
E uma vez sendo torturante, conclui-se que não é saudável.
Não entendo ainda qual é o problema em assumir e viver aquilo que se sente.
Para que essa preocupação com que os outros pensam?
Já falei uma vez e repito sempre: O que os outros pensam é problema deles.
Afinal, eles são só os 'outros'.

Acho o orgulho necessário. Mas não antes da primeira tentativa.
Não apoio quem sofra várias vezes pela mesma pessoa; pelo mesmo motivo.
Mas acredito que sofrer faz parte do crescimento. Independente do que se trata.
Sofrimento, na maioria das vezes, remete ao amor. Mas não é disso que eu estou falando e eu não só falo disso.
Amor aqui nesse blog é só para amigos, família e ficção.
O resto é paixão ou engano.

Eu me descobri através de um trecho do Fernando Pessoa: "Põe quanto és no mínimo que fazes". E assim sou inteira.

No final, acho que deve ser triste para alguém descobrir que não sentiu tudo que tinha para sentir. Que não viveu e não aproveitou o que de mais fantástico existe na vida: SER.
Afinal, há pessoas que SÃO. E há pessoas que EXISTEM.


Mas tudo isso é só uma questão de opinião.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

.

Adeus.
Talvez começando com a palavra mais difícil de ser dita, seja mais fácil terminar.
Não pensei que algo que começou tão despretensiosamente fosse tomar a proporção que tomou e que seria tão ruim de colocar um ponto final.
Percebi a importância de cada hora do dia e tentei achar fórmulas de fazer o dia ser mais extenso. Mas não controlo o tempo e ele passa muito rápido quando estamos felizes, talvez por saber que nada é para sempre... Como isso não está sendo.
Não quero te esperar chegar em casa hoje.
Desculpa te decepcionar. Sei que você me acha forte e corajosa mas quando o assunto é despedida sou bem covarde. E antes que você comece a me culpar, me desculpe pela bagunça que eu fiz na sua vida; por te viciar em chocolate com creme de leite, em patê de salsicha e em mate gelado.
Desculpa. Desculpa de verdade.
Não tenho a intenção de te magoar. Nunca tive. Mas o que posso fazer se me apaixonei por você e não pude evitar de viver isso e de te viciar no meu mundo, mesmo sabendo que estava aqui de passagem e que teria que dizer adeus, um dia.
Queria mesmo te trazer para ele, te levar comigo, mas sabemos que paixões são passageiras e seria muito egoísta querer que você anule seus planos para viver os meus. Sendo assim, faço minhas malas e vou.
Pode ser pedir muito para você não pensar que sou uma má pessoa. A raiva costuma nos deixar cegos, mas sei que você tem uma alma tão evoluída que vai saber lidar com isso.
Sou inteira em tudo o que faço, sendo assim, sabe que vivi 100% desse caso. E é tão raro encontrar alguém que viva as coisas desta maneira, que julguei importante você saber.
Não queira saber o que eu estou sentindo, porque eu não sei o que devo sentir agora. Na verdade, hoje estou me abstendo de sentimentos para não fazer nada fora do eu julgo correto. Sou impulsiva demais para tomar decisões envolta de tanta coisa que eu não sei identificar. Então, não quero pensar nisso agora.

Em menos de uma hora você estará de volta. Vou me apressar e acabar logo com essa angústia. Não quero dar o último abraço.

Apaixone-se sempre que puder. Você é o melhor dos amantes.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Confesso.

Há na verdade várias idéias na cabeça, muita coisa para ser escrita, mas há, junto com as idéias, uma preguiça imensa.
Sendo assim, posto esta, que descobri hoje assistindo 'The Back-up Plane', que não me agradou sonoramente mas tem uma letra que diz algo que sempre passa na minha cabeça.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Frederico - Come back

Eu podia jurar que você não apareceria mais, quando no meio daquela chuva torrencial minha campainha tocou. Jamais imaginei ver seu rosto do outro lado da porta.
A minha vontade era pedir para você me beliscar só para eu ter certeza de que aquilo estava realmente acontecendo, mas seria muita exposição, então, só te convidei para entrar.

- Desculpa aparecer assim tão de repente, mas a chuva me pegou no meio do caminho e eu precisava trocar essa roupa. Tá tudo alagado e...

Tudo bem. Nem precisava se explicar tanto. É claro que você poderá sempre tomar um banho para se aquecer e colocar uma roupa minha enquanto a sua seca atrás da geladeira. Minhas roupas caem tão bem em você...

A partir daquele momento não consegui fazer mais nada. Eu podia ouvir cada gota de água que caia sobre seu corpo no chuveiro. Eu imaginei a água escorrendo, você apertando os olhos e inclinando a cabeça para cima bem embaixo da ducha como eu sei que você gosta de fazer.
Eu vi com a minha mente você se enxugar, se enrolar na toalha e ensaiar para sair do banheiro. Só não imaginei que você teria a audácia de se desembrulhar na minha frente enquanto eu fingia prestar a atenção na TV. Que fascinante!

Meu orgulho me dizia que não, mas eu lutei contra ele. Eu não queria te perder de novo, então deixei que você viesse lenta e amorosamente se encaixar em mim.
Como foi bom saber que não mudou nada e que você continua tão delicadamente sexy e conquistadora.

Fiquei com medo de no final eu mais uma vez acordar e perceber que era só um sonho, mas não foi. E continua.




Obrigada por estar de volta ao meu mundo.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Caixas.

"Mudanças são sempre maiores do que o verdadeiro significado da palavra e concluí isso depois que comecei o processo da nossa.
Não entendo como nesse apartamento tão pequeno cabia dois mundos tão diferentes.
São tantas as coisas que denotam isso que eu não sei como pude perceber só agora.
Talvez o amor, a cumplicidade e a aceitação sejam tão grandes que o fato de você gostar de copos finos e eu de xícaras coloridas passa desapercebido.
Hoje, enquanto organizava as caixas, eu pensei em tudo o que eu mais gostava em você.
O seu jeito de odiar mato é uma das coisas.
Você não sabe o quanto eu me divirto toda vez que anuncio que quero acampar e você imediatamente começa a tomar complexo B por conta dos pernilongos; o fato de você odiar o cheiro de legumes no vapor, mas comer sempre a salada que eu faço pro jantar.
Acho que o que mais me encanta é ver você entrar na minha loucura.
Você me acompanha, não faz careta, entra na onda mesmo que seu desejo maior fosse estar dentro de uma casa com ar condicionado e TV à cabo com todos os canais de esporte do mundo.
Você não sabe, mas adoro inventar planos e ter idéias só pra te ver hipnotizado enquanto eu conto e mostro como farei para chegar ao objetivo.
Eu gosto porque sei que na sua cabeça você pensa: Que menina maluca e como eu a amo!

No meio das caixas encontrei aquela capa de chuva que eu havia escondido.
Me lembrei do dia que você chegou em casa todo molhado e sujando a casa toda que havia acabado de ser limpa. Sua cara de preocupado e tentando se desculpar quando eu te surpreendi te abraçando forte e dividindo aquela água toda.
Não vou negar que fiquei brava, mas como eu ia brigar com o cara que não se importou quando vomitei no carro recém comprado após a despedida de solteiro da minha melhor amiga? Impossível.

Adoro seu jeito de cuidar de mim à distância, sem sufocar e nem fazer 'caras'.
Penso que se existe segredo para viver bem e manter a paixão, a gente já descobriu e segue à risca.

Essa é minha segunda mudança com você. A primeira foi a espera: no começo era pelo seu telefonema e hoje é para te ver chegando em casa.

E agora, após embrulhar o apartamento inteiro, entendo que estamos juntos não porque tentamos ser perfeitos, mas porque somos felizes".

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Quando o sofrimento vira clichê.

Pesado, não?
Mas é tão comum que às vezes nem se nota.
O sofrimento virar clichê não é problema, só se torna preocupante quando dura muito tempo.
Criamos uma relação sentimental com muitas coisas: aquele vestido perfeito que manchou, o programa de TV que não passa mais, a banda que se desfez, o amigo que já não o é, o relacionamento que não foi pra sempre.
Essas perdas passam por fases.

Primeiro vem a não aceitação. Você não quer, sua vida não será a mesma, 'não pode acabar assim, sem mais nem menos'... Essa é a fase do exagero.
Pouco tempo depois começa a fase do "querer entender". Você busca explicação por todos os lados e por (à princípio) não aceitar, você precisa encontrar um motivo, daí você cria lógicas para que aquele desespero tenha algum sentido. Você mente para si mesmo.
Resultado: Você sofre. Como sofre!
Chora, se revolta, tem raiva, ódio nível máximo. Você vai até o fundo do poço, bebe aquela água amarga que te faz ter um estalo e volta para a superfície. E tudo à sua volta te leva a explicação mais confortável e simples: FOI ASSIM PORQUE DEUS QUIS.
Com exceção dos ateus, você se conforma com isso e parte para a última parte: A Saudade.

Essa sempre fica e não é sinônimo de sofrimento, mesmo porque ninguém tem saudade de coisa ruim.
É aquela lembrança boa quando toca a música da banda que acabou, quando você vê uma foto daquele vestido lindo que te rendeu tantos elogios ou quando você encontra alguém por quem já foi apaixonada(o) um dia.
Os benefícios que momentos de alegria trazem são tão significantes que superam qualquer tristeza que tenham causado por não mais existir.
E sofrer faz parte do crescimento. Sofrer faz parte da recuperação de um coração partido.
Eu diria mais: é a fase mais importante na vida de uma pessoa. Eu juro!
Quando você sofre, é feita uma limpeza incrível de sentimentos ruins que podem habitar sua alma.
Você finge que não se importa, mas deseja que sua empregada manche o vestido de formatura da filha para que ela nunca mais faça isso com suas roupas.
Qual o problema de chorar por um vestido? Nenhum!
Chore, fique louca, queira entender o porque aquilo aconteceu e depois contente-se com a explicação de que foi porque Deus quis. Pronto. Fim de papo.
E se alguém vir lhe dizer que é bobagem, não dê ouvidos. As lágrimas são suas e você as usa para o que quiser.

O clichê é uma coisa super bonita. É sério!
Tudo é clichê! E não adianta fugir disso, porque fugir também é clichê.

Portanto: Viva, sinta, sofra, aceite, limpe-se e se apaixone - por outra música, por outra roupa, por outra pessoa.
E se no final da sua vida você olhar para trás e perceber que não sofreu por nada, você foi um nada para a vida também.