terça-feira, 30 de abril de 2013

Sob a mesa

A vida é como uma mesa de trabalho.
Daquelas cheias de informações.
Existe nela fotos de pessoas queridas e bons momentos, lembretes, contas à serem acertadas, assuntos diversos para resolver; convites de festas, um calendário para todos os eventos sociais.
Uma bagunça.

E todo dia chegam novos papéis para analisarmos - uma notícia, um problema, uma conta à pagar. E a pilha de pendências vai crescendo.
No meio dessa bagunça, a gente se esquece daqueles amigos que nos mandaram um postal ou deixaram um recado na secretária eletrônica há dias (ou meses) mas devido as urgências diárias, esquecemos de retornar.

O problema da mesa desorganizada é a energia que se acumula lá. As coisas importantes que são passadas para trás pelas coisas urgentes e burocráticas.
Tem aquele cliente que não atendemos direito e precisamos nos retratar. Mas tem um misto de receio e vergonha que nos impede de pedir desculpas ou dar uma satisfação.
Tem a sociedade em potêncial que ficamos com medo - sem motivo - de encarar para ver se dá certo; tem também aquele projeto fantástico que não sai do esboço em papel de rascunho.
E tem, somando tudo isso, a falta de coragem e a preguiça de pagar as contas, jogar fora o que não é mais útil, encarar as novas possibilidades e encerrar os casos que já ganharam o ponto final.

Quando sentar-se à mesa não é mais prazeroso, é hora de por ordem na bagunça.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Talento


Depois de um bom tempo entendendo o que é viver, concluí que para qualquer coisa que você vá fazer você precisa ter talento.
E quando eu digo qualquer coisa, é QUALQUER COISA MESMO.
Se você não tem talento - num exemplo bem tonto - para caminhar no parque, você será sempre uma péssima cia para tal atividade. Nem você mesmo vai se aguentar quando estiver fazendo isso.
Eu tentei tocar violão. Não rolou. Fiz aulas com um ótimo professor, tenho DOIS violões, um monte de cifras e não adianta.
Descobri há pouco tempo que não tenho talento para ser fã. FÃ.
Torço para o São Paulo desde criança e não consigo assistir a todos os jogos, nem gastar dinheiro comprando a camisa ou mesmo idolatrar Rogério Ceni. (e para ser bem franca, ele é um esnobe babaca)
Adoro Foo Fighters - não mais que Raimundos, mas quase lá. Acho Dave Ghrol uma pessoa/homem/profissional incrível. Adoro as músicas e chorei pela primeira vez em um show quando os vi ao vivo. Ainda assim, não sei o nome de todas as músicas e o álbum que elas estão, coisas que um fã sabe. Acho desnecessário, na verdade.

E por fim, aos troncos e barrancos, descobri que não tenho o MENOR talento para ter um amor platônico. E só descobri porque alimentava um. Fazia semanas que eu estava nessa onda e no meio da brincadeira, descobri que o cobiçado em questão tinha namorada. Fim do jogo.
Fiquei mal, fiquei péssima. Honestamente, está doendo até agora.
Ao mesmo tempo é tão surreal tudo isso. Pois veja: como você "gosta" de alguém que você nunca viu ao vivo, nunca conversou e nem sabe que você existe?
Pois é. Estranho, mas aconteceu comigo.
Não sei se por carência ou ócio romântico. Ou qualquer coisa que dê um sentido para isso que não tem sentido. Não com 26 anos nas costas e uma coleção de tombos.
A parte boa é que me senti como se tivesse 14 anos de idade e as tantas tentativas de um romance que havia naquela época.
Faz bem aquecer o coração, eu acho.

E eu que pensava que as coisas melhoravam com o tempo.
Mas pelo jeito, o tempo só acentua ainda mais as emoções.


terça-feira, 16 de abril de 2013

Se tudo der certo...


Se tudo der certo, eu vou escrever uma série atrás da outra e você vai fazer o que você tiver decidido fazer até lá (escrever, cantar, desenhar...).
Vamos ter uma casa com jardim, garagem para dois carros (no máximo) e uma sala aconchegante.

Se tudo der certo, nosso (ou nossos) cachorro(s) vai(vão) latir todo dia de manhã para dar bom dia e para abrirmos a porta da cozinha para ele(s) entrar(em) enquanto colocamos ração no pote e trocamos a água.
Talvez haja até um outro animal. Você gosta de coelhos?

Se tudo der certo, vou sair de casa às 9h30 e ir a pé para o trabalho. Você me acompanhará até metade do caminho, depois tomará o seu rumo. Vamos conversar sobre o tempo, sobre a noite anterior e sobre os planos para mais tarde. Ou então, não falaremos nada muito válido. Apenas riremos das suas piadas infames e dos meus comentários maldosos.
Durante os minutos de folga no ofício, mandarei piadinhas sem graça, novidades sobre aquela nossa série preferida ou sobre aquele filme chato que você estará louco para assistir, mas que, se tudo der certo, eu irei te acompanhar só para assistir a sua felicidade. (Afinal, não é nada ruim dividir uma pipoca e olhar vitrines antes do filme começar).

Se tudo der certo, vamos pensar em filhos. E os teremos. 2 ou 3... 1 talvez.
Faremos programas chatos como pesquisar escolas, ir à reuniões e levar ao shopping no fim do ano para que eles vejam o Papai Noel. Teremos aquela repentina vontade de ir ao Parque no domingo de manhã. 
Domingo de manhã? É, aquele dia que costumávamos ficar de ressaca. 
Vamos deixá-los um dia - quando tudo estiver quase dando errado - na casa da avó, para termos uma noite longa. Um bar (ou restaurante) seguido de uma boate ou um bar com música alta e no meio de tudo perceberemos que aquilo é só uma fase - que vai passar - e que não tem graça ficar sem aqueles pentelhos. 
Mas acordar tarde no outro dia vai ser ótimo.

Se tudo der certo, seremos velhos apaixonados. E amigos. E chatos e, talvez, até um pouco rabugentos. Mas estaremos bem quando ao dormir, termos certeza que somos nós que estamos lá, ainda juntos.

Se tudo der certo, quem sabe, a gente acontece?