segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Quando o sofrimento vira clichê.

Pesado, não?
Mas é tão comum que às vezes nem se nota.
O sofrimento virar clichê não é problema, só se torna preocupante quando dura muito tempo.
Criamos uma relação sentimental com muitas coisas: aquele vestido perfeito que manchou, o programa de TV que não passa mais, a banda que se desfez, o amigo que já não o é, o relacionamento que não foi pra sempre.
Essas perdas passam por fases.

Primeiro vem a não aceitação. Você não quer, sua vida não será a mesma, 'não pode acabar assim, sem mais nem menos'... Essa é a fase do exagero.
Pouco tempo depois começa a fase do "querer entender". Você busca explicação por todos os lados e por (à princípio) não aceitar, você precisa encontrar um motivo, daí você cria lógicas para que aquele desespero tenha algum sentido. Você mente para si mesmo.
Resultado: Você sofre. Como sofre!
Chora, se revolta, tem raiva, ódio nível máximo. Você vai até o fundo do poço, bebe aquela água amarga que te faz ter um estalo e volta para a superfície. E tudo à sua volta te leva a explicação mais confortável e simples: FOI ASSIM PORQUE DEUS QUIS.
Com exceção dos ateus, você se conforma com isso e parte para a última parte: A Saudade.

Essa sempre fica e não é sinônimo de sofrimento, mesmo porque ninguém tem saudade de coisa ruim.
É aquela lembrança boa quando toca a música da banda que acabou, quando você vê uma foto daquele vestido lindo que te rendeu tantos elogios ou quando você encontra alguém por quem já foi apaixonada(o) um dia.
Os benefícios que momentos de alegria trazem são tão significantes que superam qualquer tristeza que tenham causado por não mais existir.
E sofrer faz parte do crescimento. Sofrer faz parte da recuperação de um coração partido.
Eu diria mais: é a fase mais importante na vida de uma pessoa. Eu juro!
Quando você sofre, é feita uma limpeza incrível de sentimentos ruins que podem habitar sua alma.
Você finge que não se importa, mas deseja que sua empregada manche o vestido de formatura da filha para que ela nunca mais faça isso com suas roupas.
Qual o problema de chorar por um vestido? Nenhum!
Chore, fique louca, queira entender o porque aquilo aconteceu e depois contente-se com a explicação de que foi porque Deus quis. Pronto. Fim de papo.
E se alguém vir lhe dizer que é bobagem, não dê ouvidos. As lágrimas são suas e você as usa para o que quiser.

O clichê é uma coisa super bonita. É sério!
Tudo é clichê! E não adianta fugir disso, porque fugir também é clichê.

Portanto: Viva, sinta, sofra, aceite, limpe-se e se apaixone - por outra música, por outra roupa, por outra pessoa.
E se no final da sua vida você olhar para trás e perceber que não sofreu por nada, você foi um nada para a vida também.

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