Durante um curso de redação publicitária que participei foi proposto um exercício onde devíamos dar a mão esquerda a pessoa ao lado enquanto descrevíamos a sensação que aquilo causava.
Não me recordo muito o que escrevi no momento, mas me lembro que queria muito perguntar a história daquele homem. Não tinha uma razão especial para isso, mas é que eu sempre quero saber a história das pessoas que conheço. Tenho imensa curiosidade de saber de onde vieram, como chegaram até ali e entender porque cruzaram meu caminho.
Após o último dia de aula, relembrando tudo que vi no curso, lembrei do exercício e comecei a me perguntar porque eu gosto tanto de saber sobre as pessoas que, de um jeito ou de outro, me relaciono.
Cheguei a conclusão de que isso é reflexo das tantas vezes que ouvi meu pai contar sua história, os caminhos pelos quais percorreu me mostrando que as pessoas podem ter uma boa vida independente do sobrenome que carregam.
Me lembro de uma vez, quando ainda era criança, que minha mãe conversava com uma amiga falando sobre meu pai. Na ocasião, me intrometi na conversa e fui mostrar orgulhosa uma faca que meu pai havia feito. Era só uma faca e eu tinha orgulho daquilo.
Meu pai foi muito além disso. Chegou a criar uma máquina gráfica (daquelas que fazem calendários com imagens e os comércios distribuem no fim do ano). Ele desenhou a máquina, as peças, desenvolveu a engenharia e produziu tudo.
Sem perceber, vez ou outra, estou contando a história dele, que faz tão parte da minha, que me sustenta, me orgulha e me dá suporte para seguir em frente.
É uma pena saber que se um dia eu tiver filhos, meu pai não os conhecerá.
Mas farei questão de apresentar-lhes o grande avô que eles têm, através das tantas histórias que contarei envoltas por um misto de amor e de saudade.
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