segunda-feira, 20 de maio de 2013

Na minha época...


Estava pensando sobre essa reclamação sem fim que assola nossa geração.
E eu não falo das postagens sobre segunda-feira, calor, frio, metrô cheio, torcedores, boicota SP...
Falo sobre o que eu me pego reclamando com os amigos no bar de quinta-feira e o que meus amigos reclamam para mim no domingo de ressaca.


O pessoal dos 20 e poucos de hoje enfrenta um mercado de trabalho muito mais exigente, tendo como base um estudo que deixa a desejar fazendo com que fiquemos malucos por cursos e mais cursos e mais faculdade, pós, mestrado, doutorado...
Existe uma pressão sobre a independência. Antes, saíamos de casa quando casávamos, hoje é meio estranho você – mesmo sendo solteiro – morar com seus pais depois dos 25.
Tem o lance de você só ser alguém se você namora, na visão da família. Não importa se você está em um velório, um aniversário, casamento ou chá de qualquer coisa, sua tia vai sempre perguntar “cadê o namorado (a)?”. Às vezes me pergunto se eu existo mesmo como ser humano individual ou só existo quando estou de mãos dadas com alguém.

E como se não bastasse – e isso é uma coisa que sua família não entende – tem a problemática de você encontrar alguém. Tem tanta gente maluca no mundo que está cada vez mais difícil dormir de conchinha.
Você pode conhecer o cara há meses, mas ele pode ser um psicopata e te matar enquanto você dorme. As pessoas se conhecem na internet mas não saem na vida real porque não sabem se voltarão piores do que saíram de casa, já que na internet todo mundo é legal. (ou chato, reclamão, fanático...)
É muito provável que mediante a tanta dificuldade, encontremos um jeito de mudar isso e facilitar para a próxima geração, que provavelmente dificultará para a próxima – já que vão achar que tá tudo muito banal – e  assim por diante.
Os nossos pais nos protegeram mais, facilitaram as coisas para nos darmos bem na vida mas ao mesmo tempo, o papo de ~na minha época~ sempre aparece para te cobrar uma postura diferente.
Talvez se a geração anterior fossem os reclamões da vez, estaríamos dificultando as coisas e não reclamando para os amigos.

Isso me faz lembrar da época da escola. Às vezes, na aula de educação física o professor dividia a sala em números 1 e 2, por ordem de chamada. Quem fosse número 1, descia para a quadra. Os outros jogavam xadrez.

Na seleção da vida, também me deram o número 2.
E eu odeio xadrez.

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