sábado, 30 de agosto de 2008

O frio, a noite, a solidão.

Não é o frio.
Ou é o frio.
Mas não o frio do tempo, do vento, do arrepio.
O frio do vazio, do espaço não preenchido.
A solidão.
Anda-se de um lado para o outro e encontra-se com muitas pessoas desconhecidas, mas ainda assim se está só.
Senta-se sozinha no balcão de um bar e bebe algo para tontear e tentar, por alguns minutos ou talvez horas, preencher o espaço que ocupa por dentro.
E se visse tantos outros bares com tantas outras pessoas sozinhas sentadas em balcões, pedindo bebidas, acendendo cigarros e olhando para o celular, esperando receber uma ligação, mensagem ou coisa assim.
Tantas pessoas que pensam em como foi o dia, e depois, em como foi a vida.
Pensando no emprego que perdeu, no emprego que não conseguiu.
No namoro que acabou, ou na chance que não foi aproveitada.
Entre tantos caminhos que se perdem, nos passos que levam à qualquer lugar.
Nas alianças que saem dos dedos para serem jogadas na rua, nos bueiros, nas praias, nos rios ou pelas janelas.
Nas alianças jogadas no esquecimento, no arquivo morto da mente.

Naquela noite, andou-se por caminhos mais longos para passar o tempo.
Naquela noite, entrou-se de bar em bar para ocupar a mente.
Naquela noite muitas lágrimas cairam, e o coração secou por algum tempo.
Naquela noite, acendeu um cigarro para acentuar a sensação do vazio.

Nesta noite, decidi não dormir.
Nesta noite, decidi escrever.

That´s all Folks

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