De repente uma pergunta me intrigou:
- O que ainda tem de personalidade daquela época?
Não sei dizer. Não sei porque sei que se eu buscar não encontrarei nada, ou quase nada.
E descobrir isso me entristeceu de forma tal a não conseguir pensar em mais nada. Não ter vontade de fazer nada...
Foi como se eu buscasse incansavelmente num baú fundo alguma coisa que eu achei que estava lá e não acho.
Então comecei a pensar em tudo o que mudou. Em tudo o que me mudou.
Descobri que até princípios foram quebrados. Que teorias foram destruídas, que pensamentos foram esquecidos como se nunca tivessem existido.
Descobri que não sou mais quem era antes há tempos.
E doeu ver que mudei coisas puras... Que não consigo ver as coisas com olhar de surpresa.
Doeu ver que enfrento as coisas sem nenhuma fantasia. Que é tudo concreto demais, e se não for, não vivo.
Ao mesmo tempo em que me senti arrepiada ao lembrar de coisas do meu passado, me arrepiou ver o quanto o tempo passou e quantas marcas ficaram em mim.
Nas coisas que passaram e que não voltam mais.
Nas coisas que senti e não mais sentirei.
Na beleza das pequenas coisas que não mais encontro.
- O que me sobrou dos meus 17 anos?
Sobraram-me boas lembranças e muita saudade.
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