terça-feira, 25 de maio de 2010

Frederico

Foram 29 horas de angústia antes de chegar aqui.
Eu não queria sair de casa aquela hora, mas alguma coisa mais forte que eu me forçou a isso.
Então eu fui. Andar no meio daquela gente irritantemente feliz e bêbada.
Tudo bem, nos meus passos largos e fortes cheguei ao meu destino.
O frio que fazia lá fora era imenso.
Antes de sair de casa, sem ter muito com o que me cobrir acabei usando aquele cachecol que me trouxe da sua incrível viagem para a Europa.
Meio contrariado, mas usei, afinal, decidi que não era uma peça insignificante que me faria lembrar de você.
Borifou perfume nele? Tive a sensação de que estava presa ao meu pescoço o tempo todo.

Já na padaria, maldita foi a hora que adentrei naquele lugar.
Fiz o pedido de sempre: Torta de limão com mocaccino.
Estranha combinação. Não importa, eu gosto e você sempre achou graça.
O seu cheiro perseguia cada pedaço da torta que colocava na boca.
Resolvi tirá-lo. Não devia ter feito isso.
Sentir sua mão em meu ombro, junto com seu tom de mãe dizendo: Deixou cair, Fred..
Por alguns instantes pensei que havia falecido.
Ver aquele nariz vermelho de novo, depois de tanto tempo, nem sei quanto tempo, foi cruel demais para mim.
Desculpe, não pude responder, não quis conversar, fiquei transtornado.

Cheguei em casa como se tivesse sido acabado de ser assalto.
E fui.
Você me roubou a paz que então estava buscando. Roubou meu fôlego e todo o meu vocabulário.
Me roubou o chão. Me roubou de mim.

Olhei pela janela, mas não vi nada. Nem conseguia. Minha visão já estava turva.
No final, a velha sensação: Te perdi mais uma vez.

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