quarta-feira, 30 de junho de 2010

Fácil assim.

Existe em todos nós um defeito muito grande: O de não aceitar.
Não aceitamos a morte;
Não aceitamos o fracasso;
Não aceitamos a perda;
Não aceitamos o esquecimento;
Não nos aceitamos como somos.

Preferimos ao invés disso tentar buscar uma explicação para coisas que são inexplicáveis.
Talvez seja menos duro do que encarar o que quer que seja.
E não percebemos que este é o pior caminho.
Quando magoados, saímos delegando culpas. É mais fácil do que saber que somos nós os culpados.

Pode parecer demagogia, mas não é. Não mesmo.
Demorou um bom tempo para eu descobrir isso. Até que um dia, no meio de um discurso presidencial, uma amiga me disse: As pessoas fazem com a gente o que permitimos que elas façam.

Aceite isso e acredite: Sofre-se menos.
A primeira é sempre mais difícil. Você sai um pouco desconfiado, com medo de onde pisar, depois se acostuma, reconhece que em algum momento você também chateou alguém e percebe que não é proposital, apenas acontece.
Com o tempo, o nosso cérebro acaba se acostumando a nos lembrar disso toda vez que ameaçamos dizer: Mas a culpa é dele/dela.
Não, não. A culpa é sua. Quem comanda sua vida é você, e você escolhe quem vai ganhar papel de protagonista e quem vai fazer figuração.
Nos próximos os tombos são menores e doem menos, bem menos.
Vale a pena. Para sua saúde mental, emocional e é vital para a felicidade.



Eu andava por uma estrada, pisei num buraco, quando olhei para trás, ele não estava lá. Continuei andando e pisei em outro, dessa vez, decidi parar a caminhada. Depois de um tempo, o buraco também havia sumido e, mesmo com a estrada mais escura, voltei a caminhar nela. Havia mais um buraco lá, eu caí, mas dessa vez, escolhi sair pela esquerda.- De quem é a culpa? Da estrada? Não, minha, afinal, fui eu que escolhi voltar a caminhar nela.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Pra que trilhos, se não passa o trem?

Existem milhões de formas de resolver as coisas.
Eu sempre escolho as mais complexas.
Não por uma questão de grandeza, e sim por uma questão de respeito.
Respeito comigo e com os outros.
Eu tenho mania de ser profunda, de analisar todas as pequenas coisas, pequenos detalhes e acabo sempre ficando cheia de argumentos, cheia de coisas para falar e cheia de nove horas.
Oras, o que posso fazer?
Fernando Pessoa me ensinou que devemos ser inteiros em tudo que fazemos.
Não podemos abafar os defeitos ou exaltar as qualidades. Temos que ser apenas o que somos.
Sendo assim, tento ser sempre isso mesmo.
Isso que nem eu entendo.

Tem gente que acha bonito eu conseguir falar tudo que eu quero, eu ter coragem de dar a cara pra bater, de eu ser racional e madura.
Bonito pode até ser, o duro é ser assim.
Você faz, você fala, você decide.
Toda ação, tem reação. E a reação nem sempre é a esperada.
O duro é segurar as pontas depois.

Eu queria muito sumir. Várias vezes.
Queria que inventassem um remédio que me cura do aperto, do sufoco.
Mas não vão inventar.
Essa é uma carga que todo mundo tem que carregar, não há outro jeito.
Podia ser como uma cólica: Você toma o remédio e parece que tiraram a dor com a mão.
É pedir muito?

Nunca pensei que surpresas enchesse tanto o saco.
Nunca pensei que mudanças fossem às vezes tão crueis.

Citando Amelie Poulain e resumindo o texto acima: "São tempos difíceis para os sonhadores"

quinta-feira, 17 de junho de 2010

hoje.

A gente se deu tão bem
Que o tempo sentiu inveja
Ele ficou zangado e decidiu
Que era melhor ser mais veloz e passar rápido pra mim
Parece que até jantei
Com toda a família e sei
Que seu avô gosta de discutir
Que sua avó gosta de ouvir você dizer que vai fazer

O tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Se não for devagar
Que ao menos seja eterno assim

Espero o dia que vem
Pra ver se te vejo
E faço o tempo esperar como esperei
A eternidade se passar nos dois segundos sem você
Agora eu já nem sei
Se hoje foi anteontem
Me perdi lembrando o teu olhar
O meu futuro é esperar pelo presente de fazer

O tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Distante é devagar
Perto passa bem depressa assim

Pra mim, pra mim
Laiá, lalaiá

Se o tempo se abrir talvez
Entenda a razão de ser
De não querer sentar pra discutir
De fazer birra toda vez que peço tempo pra me ouvir
A gente se deu tão bem
Que o tempo sentiu inveja
Ele ficou zangado e decidiu
Que era melhor ser mais veloz e passar rápido pra mim

Eu que nunca discuti o amor
Não vejo como me render
Ah, será que o tempo tem tempo pra amar?
Ou só me quer tão só?
E então se tudo passa em branco eu vou pesar
A cor da minha angústia e no olhar
Saber que o tempo vai ter que esperar

E o tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Se não for devagar
Que ao menos seja eterno assim

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Alheios

Tic tac...
Deitada na cama, com olhos abertos, mas debaixo dos cobertores, ela pensa.
Pensa na roupa que vai vestir, no percurso até o trabalho, nos afazeres do dia.
Pensa no telefonema que ficou pra hoje, no e-mail que não foi enviado.
Ela foge.
Foge do pensar nele, pensar como e por que.
Foge da culpa de não ter dito nada.
A cada esquina dobrada, ela tenta dobrar o próprio pensamento, que escapa, como água entre os dedos.
Os passos começam a ser mais rápidos, e a cabeça começa a doer.
Não há como evitar. Ela muda a rota e vira à esquerda.
Olha o prédio alto. Respira fundo.
No interfone, a voz pergunta:
- Quem é?
Ela num ato impulsivo, responde:
- Sou eu. Bom dia.

O portão se abre, e em passos firmes, ela segue.

domingo, 6 de junho de 2010

Tédio

Parado. Tudo parado. Silêncio.
Inspira. Expira.
Saco.
Gira. Tudo gira. Dentro da minha cabeça.
Medo.
Penso. Analiso. Desisto.
Tum tum. Pá. Tum tum. Pá.
Coração acelerado. Cadê? Parou.
A cabeça pensa olhando para baixo. Coração.
O estômago reage. Milhões de borboletas dentro dele.
Medo.
Tensão. Ansiedade. Nó na garganta.

Pra quê pensar se não sei se acontecerá?
Abandona.
Não posso.
Saco.

Quero notícias. Espero notícias. Procuro resposta.
Refúgio do tédio.