quinta-feira, 10 de junho de 2010

Alheios

Tic tac...
Deitada na cama, com olhos abertos, mas debaixo dos cobertores, ela pensa.
Pensa na roupa que vai vestir, no percurso até o trabalho, nos afazeres do dia.
Pensa no telefonema que ficou pra hoje, no e-mail que não foi enviado.
Ela foge.
Foge do pensar nele, pensar como e por que.
Foge da culpa de não ter dito nada.
A cada esquina dobrada, ela tenta dobrar o próprio pensamento, que escapa, como água entre os dedos.
Os passos começam a ser mais rápidos, e a cabeça começa a doer.
Não há como evitar. Ela muda a rota e vira à esquerda.
Olha o prédio alto. Respira fundo.
No interfone, a voz pergunta:
- Quem é?
Ela num ato impulsivo, responde:
- Sou eu. Bom dia.

O portão se abre, e em passos firmes, ela segue.

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